quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sem medo, Juvenal fala sobre erros, cita ano difícil e prevê reformulação


Presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio  (Foto: Carlos Augusto Ferrari  )
Presidente do São Paulo diz que está bem de saúde, rebate imagem de arrogante e explica planos para o fim do mandato, em abril de 2014.
O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, diz que não sente medo, admite alguns erros em sua gestão, principalmente na escolha de técnicos, e garante que está bem de saúde, mesmo após ter descoberto um câncer de próstata. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", o mandatário também revelou que Paulo Autuori seria uma boa opção para um trabalho a longo prazo, mas não poderia resolver a crise que se instalou na equipe neste Brasileiro. Negou ser arrogante e comentou o afastamento de Marco Aurélio Cunha, que hoje é seu adversário político. Confira os principais trechos da entrevista.

Estado de saúde

Primeiro disseram que eu estava velho, que tinha 80 anos, depois 81 e 82. Tenho menos de 80, sou um cara responsável. Essa história (tumor) tem, mas vocês ficam pensando 'está na hora de matar o Juvenal. Como não podemos matá-lo com faca, vamos fazer de outro jeito'. Esse negócio de próstata é algo natural; você tira, faz radioterapia e de dois em dois anos verifica se está tudo bem. Estou bem, está tudo certo.

Ano difícil

Você nunca espera coisa negativa, mesmo tendo de lidar com a razão. O time está mal e precisa melhorar, surpreendeu negativamente porque fizemos um esforço grande. Você tem um Ceni, eu trouxe Lúcio, Jadson, Ganso, Luis Fabiano, e essa espinha dorsal não teve o tamanho e a grandeza dos atletas. Dizem que contratei muitos laterais, mas é porque meu computador não sabe falar o que vai dar certo. Não estamos falando de matemática.

Falha de Autuori

Tentei trazê-lo do Catar quatro vezes e finalmente veio. Chamo o Paulo e pergunto como estamos. Aí vem 'precisamos de um homem no meio, um na zaga e um na frente'. Aí eu disse: 'Você precisa resolver com o que está aí, bota esses caras para jambrar, tem que olhar no fundo do olho do caboclo, entrar dentro dele'. As declarações, as posturas, havia uma repetição disso, a mesma ladainha, nada mudava. Sabia que precisava fazer algo e, durante a madrugada, me deu um estalo: 'Vamos demitir o técnico'.

Muricy na área

Se você der um time para o Paulo, em um ano ele te devolve certinho, mas não tinha um ano. Precisava de um choque que arrebentasse de um lado ou do outro. Não podia mais esperar aquela conversinha do aluno bem aplicado que tira nota 7. Precisava de um que tirasse 10 ou que arrebentasse a classe. Acho o Paulo sensacional, mas falta aquela malandragem para ser técnico no Brasil. O Muricy saiu quando era a hora, e fomos tentar outras coisas, mas erramos. Depois do Telê, a torcida se habituou a grandes figuras no banco, e quem apareceu foi o Muricy.

Maior erro

Não fomos felizes na escolha dos técnicos, isso é o que vai mais marcar. Fizemos um esforço enorme, conseguimos corrigir salários, aquelas comissões de cinco ou seis pessoas e as multas. Isso fomos bem, mas a entidade não foi a mais feliz na escolha dos técnicos, isso é fato.
Reformulação para 2014
Sim, precisa. Não conversei com o Muricy ainda, estou deixando ele deslanchar um pouco, entender melhor onde está mais fraco, quero saber da visão dele sozinho e depois vamos sentar e conversar para não termos os sustos desse ano. Precisamos dar uma reordenada neste processo.

Imagem de arrogante ou caricato. E sem medo
Tentam fazer uma imagem que não pega. Dizem que falo rebuscado, mas falo português. Acho que é o hábito que as pessoas têm de ouvir qualquer coisa e engolir. Eu não engulo, eu falo, enfrento qualquer situação. Não tenho medo, Deus me poupou do medo. Minha ausência da imprensa é deliberada porque, se falar algo, vai repercutir fortemente, ao contrário de dirigentes que falam todo dia e não conseguem repercussão. Nossa fala põe o dedo na ferida e toca nos problemas, não é um folhetim informativo de baboseiras.

Marco Aurélio Cunha

A atitude (de se afastar) quem tomou foi ele, que foi um funcionário do clube com muito respeito e pdiu demissão, não houve nada negativo. Depois trabalhou em outros clubes e agora tem a primeira gestão como conselheiro. Ele admite que votou pela minha chance de disputar o terceiro mandato, mas porque prorrogou o mandato dele de conselheiro. Ganhei do conselho, com 90% de aprovação, a possibilidade de disputar uma nova eleição. Não tive nada prorrogado, ao contrário do conselho.

Centralização do poder

Passaram uns presidentes pelo Palmeiras que diziam A e o diretor dizia B. O Santos propôs um comitê gestor que o presidente falava A e o comitê B. O regime no São Paulo é presidencialista e muito da força do clube está nessa verticalização do comando, porque futebol é emoção, e se você espalhar a emoção para várias diretorias para decidir, a soma dá negativa; você tem que ter um presidente que avalize e tome as decisões.

Planos após a presidência (encerra em abril de 2014)

Eu pretendo me afastar, mas não como aqueles sujeitos que vão pescar e nunca mais voltam. Ficarei sem comparecer e dando palpite em resultado de técnico e contratações, quem comandará isso são os novos dirigentes. Serei um novo companheiro para participar das reuniões, mas sem influência.

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