quarta-feira, 25 de setembro de 2013

À sombra das estrelas, Maicon vira operário de Muricy e ganha espaço


Maicon São Paulo (Foto: Site Oficial / saopaulofc.net)
Com carreira marcada por concorrência pesada na armação, meio-campista abre mão de jogar adiantado e se firma como titular no Tricolor.
A tranquilidade que mostra ao falar, Maicon tem também dentro de campo. E quanta paciência precisou até receber a tão sonhada chance de finalmente se firmar no São Paulo. A serenidade também o ajudou a refletir e abandonar o sonho de ser um “camisa 10” requintado. Virou quase um segundo volante com a qualidade técnica que o futebol moderno exige. Virou um dos novos titulares desde a chegada de Muricy Ramalho.
– Estou muito feliz. O Muricy está me dando essa oportunidade e agora cabe a mim me dedicar para me manter. Jogar uma partida hoje e outra daqui duas semanas é complicado. Jogador precisa de sequência. Quero aproveitar da melhor maneira possível – afirmou.
Mas entender que mudar de função seria fundamental para a carreira deslanchar não foi fácil. Maicon cresceu no bairro carioca de Bangu como uma promessa no futsal. O futebol de campo era questão de tempo e veio com uma chance no Madureira. Titular em todas as categorias como o craque do time, virou profissional cedo e logo chamou a atenção dos grandes do estado. Com 19 anos, já estava no Fluminense.
Nas Laranjeiras, porém, a vida começou a dar dicas de que mudar seria necessário. A concorrência com Ramón, Roger e outros jogadores de nome impediu que o meio-campista deslanchasse. Sem brilho, voltou ao Madureira e de lá seguiu para um período no Botafogo. De novo, as estrelas estavam no caminho. Lúcio Flávio e Zé Roberto dominavam o meio de campo.
– Eu era muito novo e os clubes tinham jogadores de nome. Teoricamente, eram eles que jogariam sempre – recordou.
Foi na passagem de dois anos pelo Duisburg, da Alemanha, que Maicon entendeu o recado. Na marra, aprendeu a ajudar na marcação e a fazer uma função diferente daquela que aprendeu na adolescência. Na volta ao Brasil, se viu novamente em uma disputa acirrada por vagas no meio de campo e resolveu trocar de função.
– No Figueirense, tínhamos o Fernandes, que é ídolo do clube, e o Firmino, que hoje joga no Hoffenheim. Eu pensei que deveria jogar um pouco mais atrás. Deixei os dois brigando pela posição e cresci muito. Criei uma característica diferente. Você precisa ser o diferente. Se eu tivesse pensado assim antes, talvez, hoje estivesse em outro nível.
Mudança com Muricy
Maicon viveu situação muito semelhante no São Paulo. Entretanto, em uma proporção ainda maior. Jadson sempre foi considerado o “cérebro” da equipe. As portas se fecharam ainda mais quando Ganso foi contratado do Santos e aumentou a concorrência. Sem uma grande sequência, o jogador acabou não engrenando com Ney Franco e Paulo Autuori.
A chegada de Muricy Ramalho, contudo, mudou tudo. Maicon virou um segundo volante com liberdade para atacar e ajudar Jadson e Ganso. Mas sem esquecer da defesa. O sofrido aprendizado defensivo na Alemanha deu resultado. Nas três partidas em que atuou na função, o São Paulo não sofreu gols – o time foi vazado diante do Goiás, quando ele cumpria suspensão pelo terceiro cartão amarelo.
– Não adianta só entrar em campo e jogar. Você tem de ver onde se dá melhor, fazer a leitura dos adversários. Hoje, só não jogo de primeiro volante, mas, se precisar, posso fazer essa função. Fiz três jogos com o Muricy e vou procurar dar o meu melhor para continuar na equipe.
Aos 28 anos, Maicon não quer perder a chance que tanto esperou. Dos tempos de craque no subúrbio carioca restou apenas a lembrança. É como um operário de Muricy que ele pretende, enfim, se firmar.
– É muito difícil chegar ao São Paulo. Tenho de valorizar o que tenho. Vou me empenhar ao máximo para não sair mais e ficar muito tempo aqui – finalizou o meia/volante, que tem contrato com o clube até 31 de dezembro de 2016.

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