Treinador elogia Autuori, mas diz que, para evitar queda, só conversa não vai bastar. E conta que levou '30 segundos' para assinar contrato.
Mais do que nunca, Muricy Ramalho vai precisar colocar em prática sua célebre fase “aqui é trabalho, meu filho!”. Após levar 30 segundos para assinar o retorno, como ele mesmo contou, o comandante foi apresentado nesta terça-feira no CT da Barra Funda pelo vice de futebol João Paulo de Jesus Lopes (Juvenal Juvêncio não participou). E retorna ao São Paulo com status de salvador. Depois de conquistar o tricampeonato brasileiro pelo clube no qual é extremamente identificado, Muricy tem agora a missão de evitar o inédito rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro. Um cenário diferente, mas que desperta no treinador um novo apetite.
- Quando cheguei (em 2006), o São Paulo era campeão mundial e estava sem fome porque vinha ganhando tudo. Eu disse que estava com fome, precisava ganhar. É difícil convencer um grupo campeão de tudo, mas fomos tricampeões brasileiros. Chegar nessa situação é diferente. Mas estou com muita fome e não falaria não para um clube que me abriu as portas, me criou. Vocês não sabem, em todo lugar que eu vou a torcida do São Paulo pede para eu voltar, é uma loucura. Estou voltando em um momento difícil e acho que vamos sair dessa.
Muricy admite que o clube não sabe lidar com a situação atual e acredita que isso se dá porque não é comum o Tricolor brigar para não cair. Para resolver o maior problema do time, Muricy vai usar seu mantra de toda a carreira: menos papo e mais trabalho.
- É um momento que nunca viu o São Paulo passar. Não tem experiência nisso. A verdade é essa. então, volto a repetir: é preciso menos discurso e realmente muito trabalho. A única coisa que melhora não é o discurso, a conversa é fácil. É o resultado. Buscar o resultado. Como? É a maneira de trabalhar, não existe ninguém mais importante que o clube. Tem de passar esse discurso aos jogadores. Todo mundo tem de abrir mão de alguma coisa. Temos de tirar o clube dessa situação de qualquer maneira - disse o novo treinador.
Muricy também fez questão de elogiar Autuori, seu antecessor, que em 17 jogos registrou dez derrotas, quatro empates e três vitórias.
- O Paulo fez um grande trabalho. Pegou o time em situação complicada, teve problema da parte física. Acho que o time melhorou muito, tenho acompanhado. Claro que precisa ter resultado. É assim. A gente está em fase que time na situação do São Paulo não dá só o discurso, palestra com jogadores. Tem que conseguir rapidamente a vitória, e cada um tem sua maneira de trabalhar. Eu tenho a minha. O que mais vou procurar é isso. Deixar os problemas de lado. Temos que resolver o problema de vitória.
Contrato assinado em 30 segundos
Demonstrando publicamente o amor que sente pelo São Paulo, Muricy revelou que levou uns 30 segundos para assinar contrato desta vez. O acordo é por tempo indeterminado e não prevê multa em caso de rompimento. Com ele, voltam ao clube o preparador físico Zé Mário Campeiz, demitido recentemente, e o auxiliar Tata. Saem o preparador Gilvan dos Santos e o auxiliar René Weber, que chegaram com Autuori.
- Só amor pelo clube não adianta. Tem de trabalhar. Tem de fazer os caras darem resultado, escalar o time, fazer o que é melhor. Existe a coisa do amor porque eu nasci aqui, é minha casa, encontrrei pessoas que estão aqui há 20 anos. Também fiz parte disso. Sinto algo a mais, não é só profissional. Aquela vez demorei um minuto pra assinar (contrato) e agora uns 30 segundos. Não briguei por salário e por nada. O sentimento pelo clube é importante.
Dirigente exalta Muricy, sem esquecer de Autuori Jesus Lopes falou também sobre a saída de Paulo Autuori de forma breve e elogiou o retorno de Muricy ao Tricolor.
- Com muita satisfação nós fazemos a reapresentação do Muricy. O bom filho à casa torna. E isso é uma grande satisfação para todos nós, para a torcida, para a coletividade. Autuori ficou pouco tempo conosco, mas teve uma passagem marcante. Ele enfrentou grandes dificuldades, mas o saldo do trabalho foi muito positivo. Ele conseguiu recuperar a forma física da equipe, melhorar bastante a autoestima dos jogadores. Mas o futebol, que é paixão, vive circunstancia inédita, uma situação desconfortável na tabela. A diretoria sempre acompanhou com muita seriedade isso. Nós não estamos otimistas em relação à posição, mas confiantes em poder sair dela - justificou o dirigente.
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