sexta-feira, 5 de julho de 2013

"MÁRIO SÉRGIO" Mário Sérgio elogia Ceni e diz: 'Hoje seria idiota se o proibisse de bater'

Treinador enche a bola do goleiro recordista e guarda até hoje camisa autografada que ganhou de presente quando deixou o São Paulo, em 1998.
Na trajetória brilhante que o levou a marcar 100 gols na carreira, Rogério Ceni teve um hiato na temporada de 1998. Na época, o São Paulo, após ter conquistado o Campeonato Paulista, entrou em declínio no segundo semestre, no Brasileirão. E, para evitar que o time fosse rebaixado, a diretoria apostou na disciplina de Mário Sérgio Pontes de Paiva, brilhante jogador na década de 80 e que estava iniciando a carreira de treinador. Ele chegava ao clube do Morumbi após ter comandado o rival Corinthians por duas temporadas.
Logo que chegou, Mário Sérgio teve uma conversa séria com Rogério Ceni e, apesar de reconhecer o enorme talento do camisa 1 para cobrar faltas, deixou claro que gostaria que ele não fizesse mais isso.
ele explicou os motivos e disse que, naquele momento, começou a admiração pelo goleiro tricolor.

EM BREVE VIDEO

- O Rogério é um cara fantástico, posso dizer que ele é uma unanimidade. Quando cheguei, disse que ele não bateria faltas por uma questão física, para não se desgastar em excesso. Se você observar, em alguns lances ele corre 90, 100 metros dentro de campo para voltar para o gol. E isso poderia causar uma contusão. Queria que ele estivesse concentrado para fazer sua função embaixo das traves. Ele aceitou sem questionar e mostrou todo o seu caráter. Nunca tive qualquer problema com ele sobre isso – afirmou o treinador.

Mário Sérgio treino São Paulo 1998 (Foto: Ag. Estado)

O tempo passou e Rogério Ceni tornou-se um dos maiores batedores da história do futebol brasileiro. Hoje, Mário Sérgio revela que, se chegasse para comandar o São Paulo, faria tudo completamente diferente.
- Ah rapaz, se o proibisse hoje seria um demente, um idiota (risos). Mas eu não me arrependo do que fiz na época. Qualquer treinador teria feito o mesmo. No meu passado como jogador, nunca tinha visto um goleiro bater falta. Não existia isso. Hoje, seria completamente diferente, afinal ele é um cara que tem uma qualidade muito superior aos demais. Além disso, o Rogério é exemplo de homem, de caráter. Basta lembrar que o outro goleiro que marcava gols era o Chilavert, que cuspiu na cara do Roberto Carlos em um jogo pelas Eliminatórias da Copa do Mundo – ressaltou.
Para Mário Sérgio, Rogério Ceni revolucionou o futebol.
- A qualidade absurda que ele tem com os pés o fez passar a atuar como homem da sobra. Não é um líbero, como muitos dizem. Mas o zagueiro que vai jogar no São Paulo sabe que, se a coisa apertar, é só recuar para o Rogério porque vai sair coisa boa. Ou ele receberá um passe perfeito de volta ou o Rogério fará um lançamento preciso para o ataque. É difícil você observá-lo errar com a bola nos pés. Isso realmente é algo de se elogiar – disse o treinador, que atualmente está desempregado, após um passagem pelo Goiás durante o Campeonato Brasileiro do ano passado.
Mário Sérgio diz que a convivência com Rogério foi tão marcante que um presente enviado pelo goleiro o fez amenizar a sua decepção após sua saída do Tricolor, clube que comandou por apenas dez partidas, com um aproveitamento de 33,3% dos pontos (três vitórias, um empate e seis derrotas).
- A saída do São Paulo não foi uma coisa amistosa, tive problemas com a diretoria. Mas, na saída, o Rogério me chamou e me deu uma camisa autografada. Disse que eu havia agido como homem com ele ao ser transparente e explicar o porquê de não permitir a cobrança de faltas. Disse que tinha muito a agradecer, apesar do pouco tempo de convivência. Isso me deixou muito emocionado, guardo a camisa até hoje – lembrou.

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